Grupo diz ter feito primeiro genoma artificial
Nesta toada, a criação de um organismo artificial poderá chegar antes de que se tenha um marco legal definido para tratar do assunto.Hoje, na revista “Science”, a equipe do empresário-pesquisador Craig Venter, seis meses depois do primeiro passo, mostra que é possível sintetizar um genoma em laboratório. Mas ainda falta fazê-lo funcionar dentro de um organismo, o que não será nada fácil.A busca por esse terceiro passo corre em paralelo com a preocupação de muitos cientistas. Para esse outro grupo, misturar nanotecnologia e biologia pode trazer vários riscos, que estão sendo negligenciados.”Trata-se de um grande avanço tecnológico, uma vez que os DNAs sintéticos obtidos até então eram de no máximo 32 mil pares de bases”, disse à Folha o biólogo Arnaldo Zaha, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).O genoma artificial da bactéria Mycoplasma genitalium, microrganismo sexualmente transmissível que infecta homens e mulheres, tem 582.970 pares de bases (número de duplas dos “tijolos” essenciais do DNA, a adenina, a timina, a citosina e a guanina, conhecidas pelas siglas A, T, C e G).No ano passado, em junho, o Instituto J. Craig Venter, em Maryland (EUA), havia conseguido transplantar um genoma. Eles usaram duas espécies diferentes do mesmo gênero Mycoplasma no experimento.”Possivelmente eles vão usar esse transplante para testar o genoma sintético”, afirma Zaha, que coordenou um projeto genoma de bactéria no Brasil.