Polícia Civil x Polícia Militar no DF
Policiais civis foram à casa do policial militar para cumprir mandado de busca e apreensão.
O PM reagiu e atirou na equipe da Polícia Civil que estava do lado de fora.
As polícias Civil e Militar do Distrito Federal vão investigar a conduta de um soldado do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) que reagiu a tiros a uma operação nesta quinta-feira (24/07/2008) e feriu um colega no Guará, cidade-satélite de Brasília.
De acordo com a Divisão de Operações Especiais, os policiais civis teriam se identificado e gritado o nome dela do lado de fora. Mas, segundo a PM, os policiais civis invadiram a casa sem avisar. De dentro da residência, o soldado do Bope, vinculado à polícia militar, atirou e baleou um policial civil. O PM recebeu voz de prisão, mas não quis se entregar. Ele só se rendeu depois da chegada do comandante geral da polícia, coronel Antônio Cerqueira.
O advogado do PM, Marcus Vinícius Figueiredo, disse que os policiais civis não se identificaram. “O policial militar agiu em legitima defesa, quis proteger a sua família, pensou que fossem bandidos”, afirmou.
Gritos
Uma vizinha que preferiu não se identificar, no entanto, contou outra história. “Escutei os gritos, dizendo que era polícia. Os gritos eram muito altos. ‘É a polícia, é a polícia!’. E não era só um que gritava. Todos que estavam lá gritavam.”, afirmou.
O soldado da PM foi levado para o Núcleo de Custódia, onde deve ficar preso por pelos menos cinco dias –tempo para que a defesa entre com um pedido de liberdade provisória. O caso vai ser investigado pela Corregedoria da PM e outro inquérito já foi aberto pela Polícia Civil.
O policial civil baleado, de 37 anos, foi levado para o Hospital de Base. O tiro atingiu a virilha do policial. Ele foi operado, está em observação e passa bem.
A sobrinha do soldado do Bope foi presa em flagrante junto com outros integrantes de uma quadrilha acusada de fraudar empresas de celular.
Repercussão
O secretário de Segurança Pública do DF, general Cândido Vargas, não falou sobre o incidente. O comandante da PM, coronel Antônio Cerqueira, disse que o policial é treinado para impedir o “fator surpresa”. “Imagino que a reação dele [PM] foi uma reação no intuito de resguardar a família”, afirmou.
O diretor da Polícia Civil, Cléber Monteiro, disse que não se sabia que havia um policial dentro da casa. “Foi feito tudo dentro do trâmite normal, com mandado de busca, dentro do horário normal, tudo normalmente. Só que não se sabe por que houve um disparo”, afirmou.
O comandante geral da PM disse, também, que vai esperar um parecer da Corregedoria para decidir se Santos será afastado do trabalho até que o julgamento. Se o pedido de liberdade provisória for negado, a defesa irá entrar com um pedido de habeas corpus.
Os policiais civis foram extremamente profissionais, pois estavam em maior número e melhor armados, poderiam ter revidado e abatido o imprudente e descontrolado policial militar, e estariam apenas cumprindo o dever legal e a legitima defesa. Entretanto, tiveram controle e profissionalismo, qualidades essas que não fazem parte dos integrantes da PM, e isso se têm se demonstrado logo no inicio do ano, onde PMs foram autores de vários homicídios e lesões corporais.