Tecnologia

Grupo Naspers compra o Buscapé

Venda do Buscapé deve atrair atenção de investidores para mercado de web no País
Por Clayton Melo, do IDG Now!

Pelo volume financeiro envolvido, negociação do site brasileiro sinaliza amadurecimento do setor de internet no País.

A aquisição do Buscapé pela Naspers, por 342 milhões de dólares, nesta terça-feira (29/9/2009), coloca o mercado brasileiro de internet num outro patamar diante dos olhos dos investidores, especialmente os internacionais. A transação pode atrair a atenção para outras companhias nacionais do setor, acreditam dois experientes profissionais desse mercado.

Fundador do ZAZ – empresa que depois se transformou no Terra – e um dos nomes mais proeminentes do começo do mercado de web no Brasil, Marcelo Lacerda define a negociação do site brasileiro como a prova de que o “Buscapé faz parte da internet real, aquela que gera caixa e resultado.”

“Essa negociação pode resultar na valorização de ativos brasileiros de internet. Sem dúvida alguma vai atrair a atenção para o mercado nacional de web”, afirma.

Para Lacerda, gestão e modelo de negócios inovadores estão na base do sucesso do Buscapé, empresa cuja essência do serviço guarda relações com um dos grandes ícones da internet mundial, o Google.

“O produto de ambos é a organização de um conteúdo que não é gerado por eles. Essa intermediação é vista pelo usuário como algo relevante”, diz Lacerda.

“A noção de entrega de valor é tão grande que o internauta não vê problemas, por exemplo, em haver publicidade em seus respectivos serviços”, diz. “Outro dado importante é que o Buscapé descobriu a maneira de gerar receita a partir da entrega de seu serviço.”

Sócio da iChimps e então diretor-geral do provedor argentino O Site durante o auge da euforia dos investimentos pontocom, no ínio da década, Marcos Souza Aranha pensa de maneira semelhante.

“Como não tenho detalhes da negociação, que deve ter se arrastado por um bom tempo, não dá para dizer se o valor da negociação é alto ou baixo. Mas ela demonstra a perseverança no Buscapé, que enfrentou altos e baixos em sua história. A transação deve, sim, chamar atenção para o mercado brasileiro nesse momento”, afirma Souza Aranha.

A Naspers comprou 91% das ações do Buscapé por 342 milhões de dólares, o que dá ao serviço brasileiro comandado por Romero Rodrigues o valor de mercado de 375,8 milhões de dólares.

Segundo o acordo, os responsáveis pelo Buscapé permanecerão no negócio com rendimentos estáveis pelos próximos cinco anos.

O acordo mais divulgado da companhia no Brasil é a participação de 30% no Grupo Abril que a MIH Holdings, braço de mídia digital da Naspers, adquiriu, formando a MIH Brazil Participações Ltda . A negociação permitiu que a Naspers ingressasse no mercado brasileiro de mídia impressa e eletrônica.

Expansão

De acordo com o diretor de internet da Naspers, Antonie Roux, o Buscapé dará ao grupo “um negócio de rápido crescimento alinhado com nosso foco em comércio eletrônico”.

A plataforma diversificada oferecida pela empresa apresenta “um conjunto de modelos de negócios dentro da cadeia de valores do comércio eletrônico em diferentes mercados na América Latina”, afirma ele.

A aquisição segue uma estrategia da Naspers de investir em grupos que atuem no setor de comércio eletrônico ao redor do mundo.

Além de operar a plataforma de e-commerce Allegro, a Naspers pagou 1,9 bilhão de dólares em dezembro de 2007 pelo serviço europeu de leilões Tradus.

Líder em audiência segmento de comparação de preços pela internet no Brasil, o Buscapé servirá de entrada para a Naspers no setor de comércio eletrônico da América Latina, mercado no qual o conglomerado tem “interesse particular”. Romero adianta que integrações entre o Buscapé e o Allegro poderão acontecer.

Projeto de faculdade

Criado por quatro colegas na Universidade de São Paulo em junho de 1999, o Buscapé completou sua primeira década este no comparando preços de cerca de 11,7 milhões de produtos oferecidos por 600 mil lojas.

Em maio de 2006, o Buscapé comprou seu principal concorrente, o BondFaro, e consolidou a dominação no mercado brasileiro de comparação de preços.

Em julho de 2007, o Buscapé comprou a consultoria e-bit, responsável por compilar semestralmente dados do comércio eletrônico no Brasil dentro do relatório WebShoppers.

Ao comprar o serviço Pagamento Digital em 2008, a empresa entrou no setor de pagamentos eletrônicos, investindo também na aquisição da plataforma FControl para proteger as transações online.

Segundo previsão da e-bit, o comércio eletrônico deverá movimentar 10,5 bilhões de reais durante 2009, aumento de 28% em relação aos 8,2 bilhões de reais registrados durante 2008

Fonte: IDG Now