Senador Demóstenes Torres e Carlos Augusto Ramos | Ligações Perigosas
O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) conversaram por telefone 298 vezes entre fevereiro e agosto de 2011, como mostram as transcrições feitas pela Polícia Federal (PF) para a Operação Monte Carlo. O empresário da jogatina e o senador trocaram, em média, 1,4 ligação por dia no período. Falavam-se diariamente, até mais de uma vez por dia. Ao Correio, Demóstenes deu uma justificativa de cunho sentimental para a proximidade ao empresário — ou “professor”, conforme expressão usada pelo parlamentar para se referir ao contraventor: “A mulher do meu suplente (Wilder Pedro de Morais) o deixou e passou a viver com Cachoeira. Eu e minha mulher tivemos de resolver esse problema. Por isso houve tantas ligações e encontros”.
Os policiais federais que fizeram as transcrições das conversas telefônicas, cuja quebra de sigilo foi autorizada pela Justiça Federal de Goiás, encontraram referências aos presentes dados por Cachoeira ao senador e ao prefeito de Águas Lindas de Goiás, Geraldo Messias (PP). Demóstenes ganhou do bicheiro uma cozinha importada dos Estados Unidos, com fogão e geladeira, avaliada em US$ 27 mil (R$ 46,7 mil, pela cotação do dólar de sexta-feira), 02/03/2012). A constatação do presente aparece numa fala de Cachoeira, dizendo ao senador que enviaria a cozinha. “Minha mulher é advogada e boa cozinheira. Nos casamos em 13 de julho do ano passado (2011), e a mulher de Cachoeira nos prometeu um bom presente”, justifica o senador. O prefeito de Águas Lindas foi agraciado com uma viagem a Las Vegas, nos Estados Unidos, conforme as transcrições feitas pela PF. Geraldo Messias confirmou ao Correio que fez a viagem, em maio de 2011, com a mulher, e disse que o hotel foi pago pelo bicheiro. “Ele não pagou a viagem, mas deu para nós a estadia. O hotel é de uma pessoa ligada a ele.”
A matéria completa você lê na edição impressa do Correio Braziliense deste domingo (4/2/2012).
Fonte: Correio Brasiliense
“Fala, professor, melhorou?”
A Polícia Federal acaba de encaminhar ao STF as transcrições das 298 ligações telefônicas trocadas entre o senador Demóstenes e o bicheiro Carlinhos Cachoeira entre fevereiro e agosto de 2011 – na média, 1,4 telefonema por dia. “Fala, professor, melhorou?” Era assim que Demóstenes se dirigia ao contraventor.
Ora, mas professor de quê, senador? Carlinhos Cachoeira há anos é conhecido como um dos mais notórios empresários da contravenção no Brasil, muito embora o senador goiano tenha declarado que pensava que o mesmo havia abandonado o crime (leia mais aqui).
Na maior parte das conversas, Demóstenes e Cachoeira marcam jantares. Algumas vezes falam da necessidade de conversar com urgência urgentíssima. O senador ganhou do bicheiro uma cozinha importada dos Estados Unidos avaliada em US$ 27 mil. No entanto, ele não vê problemas nisso. Diz que não se incomoda por ter recebido presentes de “uma pessoa considerada limpa”.
Na tribuna
Demóstenes diz que irá à tribuna do Senado nesta semana para se defender. Afirma, ainda, que descobriu que Carlinhos Cachoeira é um contraventor apenas na última semana. Segundo o senador Walter Pinheiro (PT-BA), os petistas “não farão com eles o que fizeram com a gente”. Mas afirmou que “uma ligação com Carlos Cachoeira nunca é boa”.
Fonte: Brasil 247
“Pensei que ele tivesse abandonado o crime”
Não é piada. Foi isso o que disse o senador Demóstenes Torres (DEM/GO), um dos principais moralistas do Congresso, sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira, o mais destacado mafioso brasileiro; o bicheiro dava até presentinhos ao senador
247 – Ex-promotor, o senador Demóstenes Torres (DEM/GO) se especializou nos últimos anos em posar como eterno paladino da ética, pronto a assinar qualquer pedido de CPI e a prestar declarações a todo órgão de imprensa disposto a repercutir escândalos de corrupção. Até aí, tudo bem. Esse é o papel democrático da oposição. O que não se sabia – e se sabe agora – é que Demóstenes Torres é amigão do peito do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso ontem na Operação Monte Carlo da Polícia Federal. Questionado sobre suas relações com o Don Corleone brasileiro (leia mais aqui), Demóstenes soltou uma pérola: “Pensei que ele tivesse abandonado a contravenção e se dedicasse apenas a negócios legais”.
Não, Demóstenes.
Impossível. O Brasil inteiro sabia das atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira. Especialmente em Goiás, onde ele administrava uma rede de cassinos ilegais. O que o Brasil não sabia – e sabe agora – é que Cachoeira dava as cartas no governo de Goiás, nomeando delegados e técnicos de várias áreas do governo (leia mais aqui).
O que o Brasil também não sabia – e sabe agora – é que Cachoeira dava presentinhos ao senador mais moralista da República. No casamento do senador, o presente dado pelo bicheiro foi uma cozinha completa. “Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”, declarou Demóstenes.
Além de desmoralizar o senador goiano, a Operação Monte Carlo também pode arruinar a carreira política do governador Marconi Perillo, do PSDB, que entregou a segurança pública do seu estado a um dos maiores contraventores do País.
Fonte: Brasil 247