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Plano Emergencial de Socorro ao Haiti

Ministério da Defesa – Nota à Imprensa nº 5

Brasil deflagra plano emergencial de socorro ao Haiti

O governo brasileiro inicia nesta quinta-feira (14/01) um plano emergencial para enfrentar os cinco problemas mais graves detectados pelas autoridades brasileiras que atuam no Haiti, atingido por forte terremoto na última segunda-feira: sepultamento dos mortos; socorro médico aos feridos; remoção de destroços; reforço da segurança nas operações; e distribuição de suprimentos, principalmente água e comida.

O Plano foi traçado em reuniões do ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e representantes de órgãos do governo brasileiro que integram sua comitiva em viagem ao Haiti, com o general brasileiro Floriano Peixoto, que comanda a Força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) a Minustah, formada por aproximadamente 7 mil homens de diversos países. Deste total, 1.266 formam o Batalhão Brasileiro (Brabatt), comandado pelo Coronel João Batista Carvalho Berbardes.

O Plano foi elaborado também com a participação do embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, da embaixatriz Roseana Kipman, do ministro-interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Rogério Sotili, e do representante do Ministério da Saúde Guilherme Franco Neto, entre outros.

O ministro Jobim, após receber uma avaliação da situação em Porto Príncipe das autoridades brasileiras, explicou que tinha sido enviado pelo presidente Luis Inacio Lula da Silva para avaliar a situação e estabelecer uma estratégia de auxílio, após as ações de emergência adotadas nos primeiros momentos da tragédia. Jobim observou que a população associa a missão de paz ao Brasil, mais que aos organismos internacionais.

Portanto, caberia ao Brasil empreender suas próprias iniciativas, possíveis de serem realizadas com seus próprios meios, e paralelamente buscar reforço dos demais países e organismos internacionais. A avaliação é que, como o terremoto matou integrantes da ONU e de outros setores que atuam no Haiti, pode haver alguma demora na resposta desses organismos. “Não podemos esperar; se há problemas, temos de passar por cima dos problemas”, disse Jobim. Nesta quinta-feira o ministro discutirá o plano com o presidente do Haiti , René Préval, e com líderes religiosos.

O ministro Jobim e os comandantes do Exército, General Enzo Peri, e da Marinha, Almirante Moura Neto, também visitaram as tropas atingidas pelos desabamentos. Muitos estavam feridos e outros deprimidos pela perda de companheiros. “Sabemos do trabalho que vocês realizam aqui, a embaixatriz nos contou do empenho com o qual vocês ajudam nas atividades sociais. Viemos trazer os nossos parabéns e os nossos agradecimentos, e esperamos a pronta recuperação de vocês”.

Nesta manhã, Jobim fez relato das medidas ao presidente Lula e recebeu deste a informação de que serão enviados 50 bombeiros e cães farejadores.

Essas são os principais ações:

1) Escombros – O Batalhão de Engenharia do Exército deverá receber reforço de 15 engenheiros e equipamentos pesados da construtora OAS, que realiza obras no Haiti e se ofereceu a ajudar nas ações emergenciais. As equipes trabalharam na remoção de escombros de prédios destruídos, para liberar o trânsito, e para resgatar corpos e feridos ainda vivos. A obstrução das ruas no primeiro dia impediu o deslocamento de máquinas para os pontos de maior gravidade, onde o socorro só podia ser feito por civis e militares que chegavam a pé. Também serão enviados 50 bombeiros brasileiros, com caes farejadores;

2) Atendimento médico – Há um colapso nos serviços de saúde, já que os hospitais também desmoronaram. Em frente do batalhão brasileiro há um acampamento de pessoas que buscam socorro. Diante das limitações de meios, os militares brasileiros socorreram as que apresentam maior gravidade e montaram um hospital de emergência sob a cobertura de uma garagem. Nesse cenário de guerra, iluminado por holofotes de emergência, cerca de 70 pessoas são atendidas dia e noite por médicos militares. Algumas estão mutiladas.

De imediato, foi determinado à Aeronáutica o envio de um hospital de Campanha, operado por 40 profissionais de saúde e com mil metros quadrados. A expectativa é de que seja embarcado nesta quinta-feira, do Rio de Janeiro. Também deverá ser enviado hospital de campanha da Marinha. O Ministério da Saúde também já embalou kits de medicamentos para atendimento básico de 10 mil pessoas, e a partir das avaliações da comitiva complementará com outros produtos. Foi solicitada também às autoridades americanas ajuda imediata com medicamentos e também o envio de médicos e hospitais de campanha.

3) Corpos – Há grande preocupação com a existência de cadáveres abandonados nas ruas, o que pode provocar epidemias. Algumas pessoas estão sepultando seus mortos em encostas, com risco de exposição dos cadáveres nas chuvas. As autoridades brasileiras irão propor ao governo haitiano que indique uma área para instalação de um cemitério, para que os engenheiros brasileiros ajudem nos sepultamentos.

Um cuidado especial será tomado com os praticantes do Vodu, religião com forte presença no Haiti. Os parentes não aceitam que toquem em seus mortos enquanto não forem concluídos seus rituais. Nesse caso, a saída será os engenheiros abrirem as covas no novo cemitério e oferer aos familiares para que eles próprios procedam os rituais e o sepultamento naquele local, em condições sanitárias adequadas.

Os brasileiros mortos estão em câmara frigorífica do Brabatt. A ONU cuida dos procedimentos burocráticos necessários ao traslado para o Brasil. O procedimento é necessário para evitar que haja atrasos na tramitação dos processos de indenização às famílias.

4) Suprimentos – Há falta de água e comida para a população. O Brasil começa hoje a enviar ajuda ao Haiti e outros países prometem o mesmo. Mas é necessário montar uma estrutura de armazenamento e distribuição dos alimentos. Ainda hoje o Brabatt deverá concluir levantamento de áreas para armazenamento e de pontos de distribuição nas comunidades.

5) Segurança – Será necessário reforçar a segurança dos comboios de ajuda humanitária e de distribuição de alimentos e de ajuda médica. A avaliação é que, com o agravamento da situação, a população desesperada possa saquear os comboios e invadir os hospitais de campanha, o que paralisaria o trabalho de socorro. Mesmo antes do terremoto, já fazia parte da rotina dos militares fortalecer a segurança das equipes que distribuiam comida e brinquedos nos eventos em Porto Príncipe.

Brasília, 14 Janeiro de 2010

Assessoria de Comunicação Social

Ministério da Defesa

Fonte: Forças Terrestres

Imagens do Haiti logo após o terremoto