Morre Cadete na Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN
O sonho de fazer carreira militar terminou precocemente para o Cadete Maurício Silva Dias, 18 anos. O garoto que aos 15 anos se tornou o mais novo aluno a ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) morreu por volta das 17 horas de sexta-feira, 13/06/2008. Ele estava hospitalizado desde quarta-feira, quando passou mal no tradicional exercício do Curso de Infantaria: “Prova Aspirante Mega” no Campo de Instrução da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende, no Rio de Janeiro.
Após o atendimento no local do exercício, onde o cadete apresentou uma parada cardíaca, Dias foi levado para o Hospital Escolar da AMAN. Na madrugada de sexta, ele foi encaminhado para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) da Policlínica de Resende onde faleceu, supostamente por insuficiência renal.
Dias estava no terceiro ano do Curso de Infantaria e era apaixonado pelo Exército. Em um ano e meio terminaria o curso e queria seguir a carreira militar. A mãe do rapaz, a professora Cleuza Terezinha da Silva, viajou para o Rio de Janeiro para buscar o corpo do filho. No salão nobre da AMAN foram prestadas as primeiras homenagens fúnebres a Dias. A previsão é de que às 22h Cleuza embarque em um avião que trará o corpo do filho para Porto Alegre. Junto com eles virão cadetes e comandantes da Academia Militar das Agulhas Negras.
— Ele era como um irmão. Sempre se dedicou ao máximo a tudo que fazia. Era um exemplo para todos — disse a prima do jovem, Ayesha Conte da Silva.
Da capital, o corpo de Dias seguirá de carro para Santa Maria/RS, onde será velado nas capelas do Hospital de Caridade a partir das 6h. O enterro será às 15h, no Cemitério Ecumênico Municipal. Serão prestadas honras militares ao cadete. Um grupo de nove soldados do 29º Batalhão de Infantaria Blindado constituirá uma guarda de honra e fará três salvas de tiros em homenagem à memória do militar.
A vítima não foi o único dos 150 cadetes que realizavam o treinamento desde o dia 10 a ser internado. Os cadetes Daniel Fernandes de Magalhães e Isaía Moisés Lira do Nascimento, que também são do 3º ano do Curso de Infantaria passaram mal. Uma nota oficial da AMAN afirma que o quadro clínico de ambos é estável.
Segundo o comandante da AMAN, o General de Brigada Gerson Menandro, os cadetes que participaram do exercício tiveram acesso a boas condições de alimentação e puderam beber água em abundância. Ele confirma que Dias sofreu parada cardíaca e insuficiência renal, mas afirma que a causa da morte ainda está sendo estudada.
O Comando Militar do Leste (CML) abriu inquérito policial militar para investigar o motivo da morte. O Exército ressaltou que está assistindo e “prestando todo o apoio necessário” à família do cadete.
Em Santa Maria, familiares de Dias esperam pelo resultado do laudo para saber a causa oficial da morte.
É na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende, no sul do estado do Rio de Janeiro, que se formam os futuros oficiais do Exército Brasileiro. As manobras e exercícios fazem parte do currículo escolar e foi num dos treinamentos que o jovem cadete passou mal.
Segundo o comando da Academia Militar das Agulhas Negras, o exercício começou na terça-feira à noite numa área de mata próxima. Os 150 cadetes do terceiro ano da turma de infantaria deveriam ficar 60 horas sem dormir e na primeira noite caminharam 24 quilômetros. O cadete Maurício Silva Dias não resistiu.
“Nós fazemos inúmeros exercícios de grande intensidade física, de grande desgaste. Mas como falei, de uma forma bastante profissional, muito bem controlada. E os índices praticamente insignificantes de acidentes demonstram isso”, disse o General Gerson Menandro, comandante da AMAN.
A Academia Militar não divulga o número de jovens mortos durante treinamentos, mas este não é o primeiro caso. Em 1990, um outro jovem cadete, Márcio Lapoente da Silveira, também morreu depois de um exercício da “SIEsp de Guerra na Selva”.
O comandante da academia, General Gerson Menandro, diz que os exercícios são necessários para a formação dos futuros oficiais e que o Exército vai investigar o que aconteceu no treinamento que provocou a morte do Cadete Maurício Dias.
“Um cadete forte, não estava privado de alimentação, nem de água, sendo acompanhado o tempo todo. Nós tínhamos cinco médicos no terreno e com cinco ambulâncias. Excesso, eu posso garantir que não houve, porque eu acompanhei pessoalmente o exercício”.
O Colégio Militar de Santa Maria, onde Dias foi comandante da 1ª Companhia, formada por alunos de 5ª a 8ª séries e obteve diversas distinções, e o Clube de Orientação de Santa Maria preparam homenagens para a família do jovem. Num site de ralacionamentos da Internet, amigos, colegas de curso e até mesmo desconhecidos deixaram centenas de mensagens de despedida para Dias.