Olá, apaixonados por super-heróis e, em especial, pelo Homem de Aço! Como um crítico experiente, com uma paixão de longa data pelo universo DC e um fã incondicional das narrativas do Superman, é com imenso prazer que compartilho minhas impressões sobre o tão aguardado novo filme do Superman (2025), dirigido por James Gunn. Este lançamento não é apenas um filme; é um renascimento, um grito de esperança e o pontapé inicial de uma nova era para a DC nos cinemas.
Após mais de uma década de abordagens sombrias, alegorias messiânicas depressivas e cenários de “e se o Superman fosse mau”, o novo “Superman” de James Gunn surge como um retorno divertido e alegre à essência do personagem. Embora talvez não alcance a grandiosidade do “Superman” original de Richard Donner (1978) ou a beleza dos desenhos animados de Fleischer, ele é, sem dúvida, o filme do Superman que muitos não sabiam que precisavam. Ele atua como uma ótima introdução a um universo DC totalmente novo, distinguindo-se claramente da Marvel.
James Gunn: O Maestro por Trás da Capa
James Gunn, que assina a direção e o roteiro, além de produzir o longa com Peter Safran, demonstra seu talento em equilibrar ação épica, humor e, acima de tudo, esperança. O filme não perde tempo com uma história de origem batida, jogando-nos em uma Terra que já está lidando com a existência do Superman. Essa escolha narrativa mantém o ritmo acelerado e permite que a trama se aprofunde no mundo ao redor do herói, abordando temas relevantes como a mídia como arma, a política internacional e a confiança pública. A obra não se limita ao gênero de super-heróis; é uma montanha-russa de ação com emoção e o coração de uma história de super-heróis.
O Elenco que Brilha: Uma Trindade Impecável
- David Corenswet como Superman/Clark Kent: A performance de Corenswet é simplesmente perfeita, capturando a contradição essencial do personagem: um alienígena mais humano que a maioria de nós. Sua interpretação é carismática, sincera e até um pouco ingênua, tornando o Superman relacionável. Muitos consideram sua representação de Clark Kent a melhor desde Christopher Reeve, destacando que, se Cavill tinha o “olhar”, Corenswet tem a “alma” do Superman, o garoto criado na fazenda com um coração bondoso. David Corenswet inclusive treinou para ganhar 18 kg de músculo antes das gravações.
- Rachel Brosnahan como Lois Lane: Brosnahan entrega a versão definitiva de Lois Lane: uma jornalista implacável em busca da verdade, sem tolerar bobagens. A química entre ela e Clark é palpável, repleta de tensão genuína e calor, com brigas, brincadeiras e amor – “É complicado. É real”. Sua atuação é “muito bem executada”.
- Nicholas Hoult como Lex Luthor: Hoult apresenta a melhor versão de Lex Luthor vista nas telas: frio, calculista e completamente desprezível. Ele não é apenas um empresário excêntrico ou um bilionário da tecnologia; ele é genuinamente mau e assustadoramente racional em suas ações. No filme, Luthor manipula a opinião pública contra o herói e utiliza meta-humanos para desafiar o Superman.
Coajduvantes que Encantam (e Chutam Bundas)
O filme é esperto ao não desperdiçar seus personagens secundários. Jimmy Olsen tem uma das “melhores representações na tela”, e sua importância é notável. Krypto, o Supercão, sem dúvida, “rouba a cena” e é uma delícia de assistir, especialmente quando o ser quase todo-poderoso se esforça para lidar com um supercão travesso – algo que todo dono de pet pode se relacionar. A Fortaleza da Solidão também não foi deixada de lado.
Outros membros do elenco que brilham incluem Nathan Fillion como Guy Gardner/Lanterna Verde, entregando um “idiota adorável” com momentos hilários e um uso criativo de seu anel. Fillion, inclusive, insistiu para que Guy Gardner tivesse o mesmo corte de cabelo “tigela” dos quadrinhos. Isabela Merced como Mulher-Gavião traz uma bem-vinda ferocidade, e Edi Gathegi como Senhor Incrível quase rouba o espetáculo em uma das sequências de luta mais memoráveis do filme. Além deles, María Gabriela de Faría interpreta a Engenheira. Há até uma participação de Will Reeve, filho do lendário Christopher Reeve, como um repórter de TV, um aceno carinhoso à história do personagem.
Um Universo em Expansão: O Mural da Sala da Justiça
Um dos elementos mais intrigantes e que reforça o potencial do novo DCU é o mural da Sala da Justiça, presente no filme. James Gunn divulgou imagens em alta resolução dessa arte, que não é apenas um cenário bonito, mas uma verdadeira homenagem à história dos metahumanos desse universo, com 26 personagens que traçam uma linha do tempo rica e complexa do legado heroico.
Este mural está repleto de figuras, muitas delas obscuras para o grande público, mas com profundas conexões com heróis icônicos como Mulher-Maravilha, Zatanna e Flash. A presença desses personagens indica que o novo DCU pode explorar todas as eras do universo da editora – da magia à ficção científica, do Velho Oeste aos super-heróis clássicos. Entre os destaques do mural, encontramos:
- Sister Symmetry: uma feiticeira poderosa.
- Silent Knight: um herói britânico do século VI.
- Exoristos: uma amazona exilada de Themyscira.
- Black Pirate: um aventureiro dos mares do século XVI.
- Miss Liberty: uma heroína da Revolução Americana.
- Whip Whirlwind (Max Mercury): um velocista do Velho Oeste, que também aparece como mentor de Wally West e Bart Allen.
- Super Chief: um guerreiro iroquês do século XV.
- Lazarus Lane (El Diablo): um justiceiro do Oeste possuído por um espírito vingativo.
- Wu Cheng (Chop-Chop): um jovem piloto chinês da Segunda Guerra Mundial.
- Rip Graves (Fantasma de Flandres): um combatente do crime mascarado.
- Wesley Dodds (Sandman): o Sandman original da Sociedade da Justiça.
- Amazing Man: um vigilante da Era de Ouro.
- Giovanni Zatara: pai de Zatanna e membro da Sociedade da Justiça.
- Liberty Bell: ativava poderes ao tocar o Sino da Liberdade.
- Bulletman e Bulletgirl: casal de heróis da Segunda Guerra.
- TNT e Dan the Dyna-Mite: adquiriram poderes radioativos em missões contra os nazistas.
- Phantom Lady: usava raios de luz negra para ficar invisível.
- Atomic Knight: um ex-soldado com armadura futurista.
- Freedom Beast: protetor da vida selvagem africana.
- Ted Grant (Wildcat): ex-campeão de boxe com “nove vidas” místicas.
- Vibe: um dos primeiros heróis latinos, com poderes vibracionais.
- Gunfire: transforma qualquer objeto em arma.
- Maxwell Lord: sua aparição levanta a dúvida sobre seus poderes no novo DCU.
Essa gama de personagens no mural sugere que James Gunn está apostando em uma expansão diversificada do universo cinematográfico, honrando o legado dos quadrinhos e abrindo uma janela para o futuro do DCU.
Sucesso de Bilheteria e o Futuro da DC
“Superman” estreou em 10 de julho de 2025 no Brasil e 11 de julho de 2025 nos EUA e Canadá. O filme já arrecadou expressivos US$ 502,7 milhões em bilheteria mundial, superando a meta da Warner Bros. Pictures de US$ 500 milhões para ser considerado um sucesso financeiro. No Brasil, a estreia de “Superman” arrecadou R$ 25 milhões, superando “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” (R$ 22 milhões) em seu fim de semana de abertura.
Esse sucesso de bilheteria, aliado à recepção positiva (7.6/10 no IMDb e 4.1/5 no AdoroCinema), consolida o Superman como peça central deste novo ciclo e cria grandes expectativas para os próximos capítulos da franquia. A trilha sonora, que incorpora o tema original de John Williams, é de alta qualidade.
Considerações Finais
“Superman” (2025) é mais do que um filme de super-herói; é um lembrete do porquê o Superman importa em um mundo que se sente cada vez mais cínico e dividido. Ele representa compaixão, bondade e a escolha de fazer o certo, não pela glória, mas porque é o certo a fazer.
Embora alguns críticos possam apontar que o filme, em sua busca por abrangência, sacrifique momentos mais profundos de interação entre Clark e Lois em favor de personagens secundários menos cativantes, e que a “Fortaleza” tenha um erro de continuidade geográfica, a essência do filme permanece intacta.
Se este filme é uma indicação da direção do DCU de James Gunn, então a DC está em excelentes mãos. Há uma cena ao final dos créditos onde Superman e Senhor Incrível trabalham na reconstrução de Metrópolis, um claro aceno para o futuro. Para quem, como eu, acreditava que seria difícil amar outro Superman, este filme me fez acreditar novamente.
Este é um filme obrigatório para fãs antigos e novos, e um começo promissor para um universo cinematográfico que, finalmente, parece ter encontrado seu rumo. É uma lufada de ar fresco, e a esperança que precisávamos.